domingo, 11 de março de 2012

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Geopolítica versus Globalização?


[...] Hoje, surgiu apenas uma força capaz de deter as rodas cíclicas do conflito global: a globalização. Como a geopolítica, a globalização tornou-se o próprio sistema mundial. Nenhuma ciência é capaz de controlá-la; ela só pode ser detida se tudo for suspenso. Mas a geopolítica e a globalização são considerados conceitos e modos de poder diametralmente opostos. Dia e noite, navios cargueiros e petroleiros atravessam oceanos, milhares de pessoas são levadas a seu destino pelos aviões, e os mercados financeiros distribuem capital, ao mesmo tempo que são travadas guerras civis, atentados terroristas são planejados e executados e sistemas de armas nucleares implantados. Muitos pensadores dão excessiva ênfase às virtudes da globalização ou aos vícios da geopolítica, mas a simples existência da globalização como paradigma rival já é um sinal de certa evolução ao longo dos séculos.
Não se trata de saber se a globalização prosseguirá, mas apenas até que ponto.A globalização vem passando por marés vazantes e enchentes ao longo da história, mas hoje é mais ampla e profunda do que nunca. O chamado movimento antiglobalização da década de 1990 - envolvendo sindicados protecionistas, militantes ecológicos e grupos indígenas - praticamente se evaporou; em seu lugar surgiu um diálogo global sério sobre as maneiras de se alcançar uma "globalização de rosto humano". Hoje a globalização faz parte da estratégia de todas as sociedades pela sobrevivência e pelo progresso. Enquanto manifestantes protestavam durante as reuniões de cúpula da Organização Mundial do Comércio para tentar mudar as regras do jogo, os pequenos produtores de açúcar e algodão que diziam representar estavam preocupados em tocar seus negócios, pois era o que tinham de fazer para sobreviver. nem mesmo os atentados terroristas de 11 de Setembro de 2001 impediram a queda dos custos dos transportes, a liberação do comércio e a explosão das tecnologias de comunicação que impulsionaram a globalização. Esta também gerou um mundo demograficamente misturado, o que significa que o "inimigo" está ao mesmo tempo do lado de fora e do lado de dentro. Os três impérios se misturam cada vez mais profundamente com as populações de suas periferias: os Estados Unidos com a América Latina, a Europa com o mundo árabe e a China com o sudeste asiático. A expressão "Nós somos o mundo" nunca foi tão certa. 
Os interesses econômicos que formentam a interdependência também poderiam evitar as tensões geopolíticas que prenunciam, transformando-as para sempre em competição não violenta. Na verdade, a economia global não poderá se acelerar nem ir muito longe com motor único, e as economias das três superpotências encontram-se tão profundamente interligadas que os custos do conflito aumentaram consideravelmente. Esses impérios comerciais abrigam corporações globais que controlam cadeias mundiais de abastecimento não raro sediadas em domínios dos outros impérios, o que significa que a manutenção de sua prosperidade depende da força - e não da fraquesa - dos outros[...]


                                                                          Khana, Parag. O segundo mundo:
                                                                                   impérios e influência na nova ordem global.   
                                                                                       Rio de Janeiro: Intrinseca, 2008. p. 24-26

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